. Eu só vim até essa droga que festa porque o Josh insistiu muito. Muito mesmo, ele praticamente implorou pra que eu fosse. Ele falou que iria me mostrar algo que ele disse que eu ia gostar muito, que eu iria me lembrar pelo resto da minha vida. A festa estava ótima. Eu e o Josh estávamos dançando e bebendo, sem álcool lógico, e rindo muito, mas agora ele me largou sozinha e foi atrás de uma menina loira. Que belo amigo.
- hey jess. - O Josh me chamou tocando no meu ombro e eu pude ver a cara de desejo das meninas com quem estava conversando. Não tenho idéia do porque eu falava com elas.
- Fala Josh. - Eu disse me colocando entre eles e as vadias que tinham na festa. - O que você quer?- Eu disse dando um sorriso pra ele.
- Vem aqui, eu quero te mostrar uma coisa. – Ele falou me puxando pela mão e retribuindo o sorriso. Eu podia ouvir as vadias rosnando de raiva atrás de mim. - Eu tenho algumas surpresas pra você lembra?- Falando isso o sorriso dele aumentou. Esse menino é perfeito, meu deus.
Eu fui atrás dele desviando das pessoas bêbadas e dos casais de pegando.
- Josh, aonde você ta me levando?- nos já tínhamos saído da casa e estávamos andando pela rua. - Você já pode soltar o meu braço viu?- Eu falei em tom de brincadeira.
- Não, não solto, você é minha hoje jess. - Ele disse soltando uma risada de vilão de desenho animado.
- Tá me seqüestrando é garoto?- Eu falei brincando com ele. É doido mesmo.
- To. Isso é um seqüestro, você é minha refém hoje à noite. A diferença é que eu não planejo te devolver. - Ele disse soltando outra risada.
- Menino você é doido mesmo, agora vão mandar te internar. Espero que goste de brando. – Eu disse enchendo o saco dele.
- Nossa Jéssica, você deixaria me internarem? – Ele disse parando e fazendo biquinho pra mim. - Eu? O Seu joshinho? Logo eu?- Ele falou fazendo draminha.
- Do jeito que você ta, com certeza. Se precisar eu mesma ligo. - Eu disse empurrando ele com a mão solta.
- E então, vai me falar o que você vai me mostrar?
- Ainda não- Ele disse voltando a andar- A gente ta quase chegando, relaxa baby. – Ele disse fazendo uma voz “sexy”.
Ele continuou me puxando até praticamente o final da rua, o que não é perto.
- Tcharan. – Ele disse soltando o meu braço e apontando pra um carro prata, que eu acho que era um celta, mas eu não tinha certeza disso. Eu sou horrível com carros. -Ele não é lindo?
- Er... Claro, ele é lindo, mas, que quem é? – Eu falei olhando pra ele com cara de inocente.
- É meu né jess. Eu comprei ontem. -Ele disse cheio de orgulho. – Eu queria que você fosse a primeira a andar nele. - Ele falou e eu acho que ele ficou um pouco vermelho. Ok, agora eu estou chocada.
- Ahn, eu er, claro Josh- Eu disse torcendo pra que ele não percebendo minhas bochechas vermelhas. –Então, vamos?
- Claro!- Ele disse ficando empolgado. Eu corri e entrei no carro pelo banco do passageiro e ele foi pro do motorista.
-Então, aonde o senhor vai me levar? –Eu disse fazendo voz de senhora.
-Surpresa milady. –Ele disse ligando o carro e dando a partida. – Espero que goste de florestas e velocidade. - Falando isso ele piscou e pisou no acelerador.
- Hey, sério? Aquele drama todo pra essa coisinha? – Eu falei debochando dele – Esperava algo melhor. Fala sério que você pagou por isso cara.
Eu adorava irritar os garotos. Sério, era praticamente um hobbie, o Josh principalmente. Ele tinha um orgulho muito grande para uma cabeça tão pequena, e eu como uma boa menina me aproveitava dessa demência de orgulho desde que eu me entendo por gente.
- Jessie! Jessie ! Você viu o meu novo carrinho de brinquedo? – O Josh me mostra um carrinho vermelho pequeno que eu não faço a mínima idéia do modelo enquanto tenta tirar um cabelo negro que ta caindo no seu rosto. - Já vi maiores. E mais bonitos. – Eu falo com a minha voz aguda de criança de seis anos. - Mas é o que acabaram de lançar. É o ultimo modelo. - Ele me fala com uma voz de taquara rachada. - Isso não quer dizer que seja mais bonito. – Eu respondo e mostro minha língua mesmo já tendo sido avisada que é feio.
O Josh com certeza perdeu a voz de taquara rachada, e o cabelo grande mal cortado agora é o seu charme, bom, pelo menos para mim, e infelizmente pra metade da escola. Até hoje ele é viciado em carros, como qualquer menino de 17 anos. Aprendeu a dirigir, mesmo sem poder, aos 15 anos, com a ajuda do pai e as broncas da mãe, agora prestes a fazer 18, ele finalmente conseguiu comprar um carro. Obviamente eu não me importo nenhum pouco com o carro, principalmente por que eu não entendo nada de carros, eu me importo é com o dono dele.
- Estamos indo a 120 por hora. Você ainda acha pouco? – Ele me deu uma olhada rápida e eu pude ver o castanho dos seus olhos brilhando de descrença.
- Ah, do jeito que você falou eu esperava algo muito melhor. - Eu falei fazendo uma inocência forçada
- Ok Jessica, você que pediu. - Ele pisou fundo no acelerador e então a floresta a nossa volta não era nada mais do que um borrão impossível de se reconhecer.
- É disso que eu estou falando menino! ISSO é o que eu esperava! – Eu disse levantando meus braços e colocando a cabeça pra fora da janela pra sentir o vento no meu rosto. Eu tenho problemas com ventos, sou viciada neles.
-ISSO AI MENINO! MOSTRA-ME DO QUE ESSE CARRO É CAPAZ!- Eu gritava do lado de fora do carro e podia ouvir as risadas dele de felicidade. Estava tudo perfeito.
Então, tudo aconteceu tão rápido que eu mal pude processar algo. Em um segundo eu estava tendo uma das melhores noites que eu me lembre, no outro pareceu que eu estava no meio do inferno. Eu senti um impacto e tudo a minha volta começou a girar. Meu instinto me fez colocar a cabeça para dentro e tentar, de alguma maneira, me segurar em qualquer coisa a minha volta, por que por mais que soubesse, eu não conseguia compreender o que estava acontecendo a minha volta. Então, tão rápido começou tudo terminou, com um baque em cima do carro. Eu sentia tudo girando e não estava conseguindo raciocinar direito. Tentava tirar o resto do cinto que me prendia ao topo... Não... A parte de baixo do carro pra tentar sair e tentar sobreviver. Depois de algumas tentativas e alguns arranhões o cinto soltou e sai do carro pela janela, já que a porta estava totalmente destruída e praticamente fundida no carro. Comecei a me arrastar e a procurar algo em volta. Não tinha idéia do que estava procurando, mas continuava a procurar. Depois de uma me distanciar tomei coragem pra olhar para trás, imaginei que o Josh já tinha saído do carro. Meu erro foi ter me preocupado só comigo. Quando me virei para trás eu podia ver o Josh acordando meio tonto, mas ainda preso ao carro capotado. Eu podia ter uma idéia da gravidade dos machucados dele, o corte que tinha aberto no canto da boca dele, colocando um sorriso permanente em um dos lados do seu rosto, o sangue escorrendo que tinha no rosto dele. Eu podia ver o tanque de gasolina que foi perfurado e o pequeno fogo tentando se juntar. Josh acompanhou meu olhar, ele nunca foi uma pessoa burra. Ele sabia o que ia acontecer. Foi ultima vez que vi Josh, todo machucado e cortado, olhando para mim com ternura e falando sem algum som: “Eu te amo.”. Então, o que eu vi foi o carro explodindo.
Assim como o carro se explodindo e deixando de existir eu explodi internamente, minha mente foi estraçalhada e meu coração foi junto. Não pensava mais em nada. Não conseguia pensar em nada. A única coisa que passava pela minha cabeça era que eu tinha acabado de ver meu melhor amigo e minha paixão explodindo na minha frente a alguns metros.
Não conseguia raciocinar direito. Estava totalmente ausente ao mundo ao redor. Foi então que eu fui trazida de volta a realidade de uma maneira horrivelmente dolorosa. Eu estava do chão, sentindo uma dor terrível nas pernas, provavelmente quebradas, e eu podia sentir vários cortes sobre meus braços e o meu corpo. Eu podia sentir a minha camisa molhada com meu sangue. Eu estava à beira da minha sanidade com as dores que eu sentia. O que veio depois disso fez toda a dor que eu sentia parecer caricias com uma pluma na minha pele. Começou nas minhas pernas. Elas começaram a queimar, um fogo insuportável tomou conta delas, mas quando eu olhei, pensando que pudesse ser algo da explosão não havia nada, só minhas pernas. Essa dor foi se intensificando e chegou a um ponto que eu não podia agüentar mais. Comecei esfregar minhas pernas com as duas mãos ignorando a dor aguda na coluna que senti ao sentar, só pensava em dar um fim aquela dor horrível, naquela dor que me matava. Foi então que percebi que ela estava subindo. O que antes estava só nos meus pés agora parecia ter achado um jeito de subir, e rápido. Agora já tomava conta da minha perna toda e do meu quadril. Foi então que eu joguei minha cabeça para trás e gritei, gritei com toda a minha força e comecei a me contorcer. Eu rolava na grama tentando lutar contra a dor que agora já tinha tomado conta do meu corpo inteiro menos do pescoço para cima. Eu sentia meus ossos quebrando e se retorcendo dentro de mim, como se não estivessem do jeito certo. Eu sentia minha pele se rasgando e meus dedos se quebrando em pedaços. Eu estava ciente de cada dor que eu sentia. Enquanto rolava de agonia vi uma coisa, em uma das poucas vezes que abri os olhos. Eu vi olhos brilhantes entre as arvores, olhos ferais azuis. Deles saiam chamas que me chamavam. Por um segundo esqueci da dor, da morte do Josh, de toda a minha vida. Aqueles olhos me transmitiam paz. Uma paz que nunca vi na vida. Então uma voz veio, no fundo da minha mente, e falou “Não resista irmã, aceite esse presente da noite.”. Rápido como veio a voz, ela se foi, junto com os olhos de paz, e então a dor voltou. A dor voltou mais forte e mais intensa. Eu iria continuar tentando acabar com ela mas foi então que as palavras dos olhos de paz da floresta me vieram a mente. `` Não resista irmã....Não resista....`` . Foi então que eu parei de resistir. E me entreguei a dor e eu senti que o fogo alcançou a minha mente e queimou mais forte que no resto do corpo e queimou tudo. Foi então que ela parou.
Eu me sentia bem de novo, me arriscava até a dizer que normal. A morte do Josh ainda estava em mim, mas era como se estivesse sendo abafada por algo mais bonito, mais magnífico, algo sem explicação, algo que enchia meu espírito. Levantei-me e senti meu corpo mais pesado. Não que incomodasse, mas era diferente. Um peso diferente. Olhei ao redor procurando aqueles olhos brilhantes que me deram tanta calma em uma hora de tanto sofrimento, tanto físico quanto mental. Algo me dizia que ainda estava ali, comigo. Foi então que eu tomei consciência do mundo ao meu redor. Antes eu mal enxergava, a não ser pelas chamas do carro despedaçado, agora eu podia ver cada átomo ao meu redor. As cores estavam mais fortes. As texturas das folhas. O céu estava magnífico, era como se tivesse sido feito por anjos, cada estrela tivesse sido colocada exatamente em um lugar, como se tivessem moldado cada nuvem, cada raio de luz emitida pelas estrelas. A lua era como se ela estivesse me chamando, como se ela fosse a mãe e eu uma filha a muito perdida, eu estava apaixonada pela lua, cada raio emitido por ela era com se me enchesse de energia. Deixei minha cabeça cair para trás para aproveitar esse momento único. Era como se eu tivesse nascido de novo.
Escutei algo se mexendo na floresta atrás de mim. A única coisa que encontrei quando eu me virei à procura de algo foram aqueles olhos azuis incrivelmente brilhantes, eles me encaravam, como se pudessem ver no fundo da minha alma. Não havia chamas neles agora, eram só olhos Agora eu podia ver o ser dono daqueles olhos que me hipnotizavam. O que eu via na minha frente era um ser parecido com um animal, mas era muito maior, e muito mais diferente do que qualquer coisa que eu já tivesse visto na minha vida. Seu pelo era de um negro profundo com um azul claro e marcas que eu não sei explicar.
-“Muito bem irmã, você se transformou em uma incrível Raspry” - Fui retirada do meu transe por algo que falava dentro da minha cabeça.
- Eu? Transformei-me? Do que você está falando?- Eu procurava ao redor por algo, mas ao que parecia estávamos a sós na floresta, a não ser pelo carro explodido a alguns metros atrás de nós.
-Uma Raspry, você vai entender tudo, mas tudo a seu tempo irmã, siga-me. – E então o ser saiu andando para dentro da floresta sem me esperar.
Comecei a seguir aquele ser, era minha única opção. Ele ou ela, o que quer que fosse, parecia saber mais do que eu, e algo dentro de mim me dizia que eu podia confiar. Eu aproveitei essa caminhada para prestar atenção ao ser. Se eu tivesse que comparar a algum animal seria a uma raposa, a do deserto talvez, pelas orelhas um pouco grandes, mas realmente não a como comparar a algo. O seu pelo balançava e reluzia a luz do luar a medida que andava. As marcas em seu corpo eram impressionantes, só tinha de um lado do corpo, que era dividido por uma faixa azul que percorria as costas toda. Elas pareciam raios que tomavam conta de todo o lado direito do seu corpo. Do outro lado tinha marcas mais simples mas ainda eram lindas. A orelha esquerda era toda azul e as patas tinham marcas invertidas, a pata na frente direita era azul, enquanto a da direita só tinha uma faixa azul no tornozelo. As patas traseiras eram ao contrário. Ela tinha uma cauda longa e linda, com a ponta azul. Eu pude perceber que tinha algo vermelho no seu ombro, pensei ser sangue, mas estava mais parecendo uma marca. Não podia ver em forma de que era.
- É uma Spryk, uma lua com uma garra. Eu te explicarei tudo na hora certa irmã. -
-O que, agora você lê pensamentos? – eu falei revirando os olhos para Ele\ela.
- Na verdade sim, eu posso, mas só de meus semelhantes, ou se eu trabalhar para isso, mas não vou te encher com detalhes sobre mim. Você deve se conhecer agora. Bem vinda a sua nova vida irmã. - Dizendo essa ultima frase ela apontou para algo a minha frente que percebi ser um lago incrivelmente belo. Acompanhei o ser a minha frente e olhei para o lago procurando por algo.
-Flatryh. – Ele\ela disse sobre a água e de repente ela reluziu em um azul e refletiu a imagem do ser ao me lado e de uma fera do outro.
-Uau, como você fez isso?- eu perguntei me virando para o ser e percebendo que a fera na água imitou os meus movimentos.
-Reflexo na água? É simples. É magia o nome disso. – Ele\ela me disse dando o que pareceu um sorriso.
-E a outra magia? Para a fera aparecer?- Eu falei apontando para a fera a minha frente.
- Bom, se você se chama de fera... - Ele\ela disse dando de ombros.
-Me chamo de Fe... - Eu disse deixando a frase morrer. Encarei a fera e ela tinha uma expressão assustada no rosto. Essa sou eu? Eu pensei comigo. A fera tinha pelos dourados que tinham certo brilho mesmo de noite, olhos dourados quase do mesmo tom só que um pouco mais escuros. Parecia com uma raposa também, mas tinha um algo mais feroz, mais parecido com o lobo. Tinha uma única marca preta no canto do olho direito. Ela era linda e assustadora ao mesmo tempo. Levantei uma das mão e a fera imitou o movimento. Eu possuía garras ao invés de minhas unhas, Não eram garras como as de um animal qualquer, eram grossas e enormes, medindo no mínimo dez centímetros cada uma. Eram letais.
-Você é uma Ciard. Um ser muito pouco conhecido, mas temido pelo que conhecem. Você nasceu de novo. Você é parte dos Cilinerons agora irmã, bem vinda. - O se disse para mim e deu o que pareceu um sorriso, mostrando dentes longos e afiados, que eu nunca imaginaria que existiam de baixo daquele rosto gentil. Fiquei encarando os dentes e acho que a criatura percebeu e não gostou muito.
-Ah! Só pra constar, meu nome é Fnousy. Eu sou uma heatr. Algo parecido com uma maga, mas não exatamente uma. E sou uma garota, agora pode parar de me chamar de “ser”? obrigado.- Eu não entendia nada do que ela fala mas ela parecia ser simpática. Algo engraçado na “Fnousy” eram suas orelhas. Elas balançavam pra todos os lados enquanto ela mexia a cabeça.Eram bem grandinhas
-Ei, pare de encarar elas. – ela disse colocando as patas nelas e puxando-as para baixo.
-Desculpe, desculpe. - Eu falei levantando as mãos, patas, mãos-patas, ah que se dane.
-Depois de um tempo você se acostuma. – Ela falou perdendo um pouco do jeito brincalhão. Agora, você tem que ir. Ou as pessoas vão sentir sua falta. Ela se levantou e me encarou com aqueles olhos azuis lindos.
-Eu falarei com você amanhã, me espere na entrada. -
-Na entrada? Espera, eu te conheço?!- Eu falei levantado a voz um pouco de espanto. Eu com certeza me lembraria de algo assim. - Como diabos você planeja aparecer, aonde quer que seja?- Eu falei apontando pra ela.
- As pessoas vão ficar meio assustadas você não acha? Que dizer, eu acharia meio estranho encontrar algo assim andando pela rua.
-Eu não vou aparecer assim espertinha, agora chega de perguntas. - Ela disse se virando para mim e me encarando profundamente. Ou confessar que me deu um pouco de medo. - Até amanha, na frente da escola. - Dizendo isso ela encostou na minha testa com a pequena pata e tudo ficou escuro.
-Filha?- Eu escutava uma voz ao longe, mas não sabia dizer quem era. –Filha? Está acordada?- Algo tocou em mim. A voz estava mais perto. Eu acho que conheço essa voz. - Filha, a mamãe ta aqui, vai dar tudo certo. - Tudo certo? De que ela ta falando?
Abri o olho e encontrei olhos castanhos me encarando. Ah, era a minha mãe me chamando. Ela estava sentada na minha cama.
-Bom dia mãe, do que você ta falando?- Eu perguntei me sentando e descobrindo que estava na minha cama.
-Você não tem idéia do pesadelo que eu tive. Foi horriv-. Senti uma pontada aguda na cabeça. Que ótimo, dor de cabeça de manhã. Esfreguei os olhos e olhei pra ela. Ela estava com os olhos inchados. Ela andou chorando. Por quê?
-Mãe? O que houve?- Eu perguntei colocando uma das mãos no seu ombro. -Porque você ta chorando?
-Filha, o que você sonhou?- Ela ainda estava com voz de choro e estava com cara de quem tinha acabado de ver um fantasma.
-han, não importa. Me conta, o que aconteceu ?- Eu perguntei enquanto ela secava os olhos com um pano que ela tava carregando.
-Você já vai saber amor, agora me conta. O que você sonhou?- Ela disse me olhando.
-Er, eu sonhei que o Josh tinha comprado um carro, e que ele me levava pra dar uma volta, só que o carro batia e capotava, e o Josh acabava...- A medida de fui falando os olhos da minha mãe se enchiam de lágrimas e não pude nem terminar a frase ela já tava chorando.
-Mãe?!- Eu falei tentando controlar o choro dela que tinha ficado um pouco histérico.
-Filha, - Ela disse enxugando as lágrimas. - não foi um sonho. O Josh morreu. Ontem a noite. O carro explodiu. –E então ela voltou às lágrimas. Minha mãe realmente gostava do Josh, ela sempre me pedia pra trazer ele pra casa pra ela poder ver ele. Demorei um pouco, mas eu raciocinei. Por mais que eu não quisesse, parecia ser verdade. De repente, foi como se tivessem arrancado um pedaço de mim. Parecia que alguém tinha me matado, pelo menos uma parte de mim. Minha mãe saiu do quarto pra faze alguma coisa, mas eu não conseguia me mexer. Era como se cada parte do meu corpo estivesse paralisada. O Josh. Meu Josh. Morto. Não, não pode isso não é possível. Eu não podia conter toda a tristeza de se colocou sobre mim. Eu não conseguia segurar as lágrimas que corriam soltas pelo meu rosto. Eu nunca tinha sentido tanta tristeza na minha vida. Tinham roubado algo de mim. Algo que era essencial. Tinham me roubado minha existência. Eu podia me lembrar. Eu escutava a voz dele, no meu ouvido, falando: Eu te amo. Como algo assim podia acontecer? Por que algo assim podia acontecer? Eu não entendia. Ao fazia sentido. Lembrei-me do que aconteceu depois de tudo isso. Em meio a confusão que era minha mente, eu consegui me lembrar de algo da noite anterior. Então, se o Josh tinha morrido, era tudo verdade, não era um sonho. Então, eu tinha que ir me encontrar com algo, ou alguém, que eu não tinha idéia de quem era, quando eu queria morrer.
Olhei para o relógio e vi que ainda dava tempo de ir para a escola. Me forcei a levantar da cama. Isso não parecia algo tão impossível antes. Me arrastei até o armário e peguei uma camisa de manga longa preta e coloquei um short. Calcei minhas botas e desci pra a porta. Encontrei minha mãe ao telefone chorando e falando com alguém. Ela olhou para mim com cara de quem não entende nada em meio às lágrimas. Virei o rosto, segurando as lágrimas e andei em direção a porta. No meio do caminho eu parei. Tinha esquecido daquilo, uma foto minha e do Josh, eu com 5 anos e ele com 7. Ele estava sorrindo com suas covinhas, lindo, perfeito, vivo. Eu desviei meu olhar da foto e sai da casa batendo a porta e tentando, sem sucesso algum, deixar a tristeza assim que fechei a porta. Fui caminhando até a escola fazendo o caminho de sempre mas, dessa vez parecia diferente. Eu sempre passei por esses lugares, a praça, a casa abandonada, com o Josh. Sempre. Agora sem ele tudo parecia tão vazio, tão sem vida. Eu sentia falta das suas piadas sem graças que me faziam rir. Dos comentários toscos sobre o cabelo dele. Eu ainda não acreditava que ele podia estar... Eu não conseguia falar. Simplesmente não saia.
Cheguei na escola e fiquei parada encostada em uma arvore que tinha na entrada. Ótimo, como eu vou saber quem é aquela, como era o nome ? Ah, sei lá, aquele bicho ? Eu olhava para todas as pessoas que passavam. Continuava a procura de quem quer que fosse me encontrar.
De repente, apareceu uma menina, não muito alta, na vedade ela era baixinha,loira e tinha umas mechas azuis no cabelo. Ela era bem elétrica, parecia que andava pulando pelos lugares.Era a menina da festa, com quem o Josh saiu uma hora. Ela veio na minha direção e pulou em cima de mim, me fazendo cair no chão.
-Ei !- Eu disse empurrando ela do meu colo. – Quem é você garota ?! Sai de cima de mim !- Eu estava irritada. Bem irritada.
-É assim que você cumprimenta sua irmã de sangue ?- Ela falou me olhando e eu percebi que ela tinha olhos azuis, e era muito bonita. Meu deus ! É ela !
- Ai meu deus ! Desculpa, não estou tendo um dia muito bom.- Eu falei olhando para o lado desviando o olhar dela.
- É, eu fiquei sabendo. Meus pêsames pelo garoto. Era um bom irmão.- Ela falou e eu percebi que ela estava triste por baixo daquele jeito elétrico.
- Você conhecia ele ? Você conhecia o Josh ??- Eu perguntei surpresa.
- Claro, ele era um Sxy. Muito bom por sinal, ele era um ótimo amigo também.- Eu percebi que os olhos dela estavam com água. Meu deus, ela realmente era amiga dele.
-Eu sei, ele era meu amigo também. Ei, espera, ele era um OQUE ?!- eu disse subindo a voz a um tom meio histérico.
-Ele era um Sxy. Um irmão. O mais carinhoso. Ele que devia te receber. Ele fez questão de ser seu irmão-anfitrião. Ele gostava muito de você. Gostava pelo menos.- Ela disse olhando pra mim. Toda vez que ela olhava pra mim parecia que ela via dentro da minha alma. Isso me dava arrepios.
-Ele era um...Como é mesmo o nome ?- Eu disse sentindo as lágrimas me se formando nos meus olhos de novo.
-Cilineron, seres de espíritos antigos.- Ela disse olhando para mim e eu percebi que ela estava realmente triste.
-Ah... Como assim ele era isso e nunca me contou ?
-Nos não podemos falar para ninguém, isso é algo mais antigo que os humanos- Ela começou a falar mais parou de repente e olhou ao redor procurando algo.-não é seguro conversar aqui. Vem comigo.- Ela disse isso e saiu andando e eu sem muita opção segui ela. Reparei que ela estava usando uma camisa azul clara meio grande, aquelas que ficam caindo do ombro no tom do cabelo dela com uma camisa regata preta por dentro e um short preto com uma meia calça rastão e um coturno. Estava realmente bonitinha. Eu comecei a ficar meio ausente do que acontecia ao meu redor. Comecei a me lembrar do Josh. Me perdi em Memórias e acontecimentos. Eu acordei com a garota me chamando.
-Ei, acorda. Chegamos.- Ela disse dando estalinhos na frente do meu rosto.- Bem vinda ao nosso pequeno mundo no meio do seu mundo.- Ela fez sinal pra que eu olhasse ao redor.
Eu me encontrei em um lugar perfeito. Era minha definição de céu. Era uma floresta com arvores altas e incríveis, belas e sedutoras. Eu poderia ficar ali o resto da minha vida. Eu notei que havia um lago. O lugar era simplesmente perfeito.
-Bom, eu não gosto dessa forma humana, não me agrada. Se você não se importa. - Ela fez sinal com a cabeça e começou a retirar a camisa, e depois o short, que descobri que ela estava usando uma daquelas calcinhas cuecas preta com detalhes azuis.
-Ai meu deus !- Eu disse me virando. - O que você ta fazendo ??
-há relaxa, somos ambas garotas, tudo o que eu tenho você tem.- Ela disse isso mas eu continuei virada. Então eu ouvi um barulho de algo se quebrando e me virei pra ver o que era e o ser da noite anterior estava de volta.
O pelo branco reluzente ficava mais bonito a noite, mas continuava lindo a noite. Os olhos azuis voltaram, esses olhos agora me passavam uma imagem de algo que poderia facilmente matar alguem.Agora que eu estava normal, se é que eu posso dizer isso, o ser era mais alto que eu em pé do jeito que eu estava. Olhando desse ponto, ela era meio assustadora.
- Eu sei que sou assustadora, obrigada.- Ela disse mostrando os dentes em algo que parecia um sorriso animal.
-Ahn, de nada, eu acho. – Eu falei meio sem jeito.- Mas me explica uma coisa, como diabos você vira,se transforma, muda, ah seilá. Como você faz isso ?!?!- Eu disse balançando a cabeça.
- Me transformar ? Ah, é... bom você... Ah, não sei explicar, só acontece.- Ela disse dando de ombros.- Você vai entender depois de um tempo. Nada é igual pra ninguém. Você tem que se descobrir sozinha.
-Ah, que ótimo.- Eu falei revirando os. Agora eu vou ter que passar por uma puberdade de monstro. Que delícia, agora só falta alguém me falar que eu vou ter que caçar e comer bicho morto.
-Então, peguntas?- Ela falou se sentando e olhando para mim com uma cara de cachorro feliz.Bizarro como algo pode ser tão selvagem e ao mesmo tempo tão humano.
-Quer em ordem alfabética ou de nível de dificuldade ?- Eu falei sendo irônica.
-Pergunte logo irmã, eu sou sua irmã-anfitriã. Eu estou aqui para te ajudar.
-Bom, se eu e você somos, essa coisa- Eu disse fazendo um sinal de desdém com as mãos- E o Josh também era.- Falar o nome dele no passado me deu uma dor enorme no peito.- Existem outros ?
-Claro, ao todo que eu conheça existem 6, eles são do nosso bando. Nunca ouvi falar de nenhum outro bando, mas nunca se sabe né.- Ela falou dando de ombros. – O nosso bando é bem legal. Tirando as brigas, e algumas discuções, mas é bem legal.
-Pera, SEIS ?!- Eu estava realmente muito chocada com o que ela tava falando- Como assim existem SEIS dessas coisas ?
-Ah, sete agora com você.- Ela falou e me deu um sorriso mostrando aqueles dentes pontiagudos mais assustador agora que eu era só uma pessoa normal.Ela pareceu notar e não pareceu muito feliz com isso.
-Er, então, quando eu vou conhecer o “pessoal” ? – Eu disse forçando um sorriso e tentando mudar de assunto.
-Ah, eles já devem estar chegando. - Ela disse se virando e se sentando da beira do lago. – Você nem deve estar percebendo que foi aqui que eu te trouxe ontem, certo ?
- Não tenho boa memória.- Eu disse dando de ombros.- Ahn, me conte mais sobre os outros. Quem são ?
-Bom, tem eu, o shad, a flyx, o trenx e o lok. Nós somos os Cilinerons.
-Todos tem nomes tão, er, exóticos ?
-Todos escolhem um nome depois de entrarem para o bando. Você vai poder escolher o seu.- Ela disse com animação.- Espero que seja criativa.
-Vou tentar. Mas então, se é um bando, quem é o líder ?
-“A” líder por favor. E por acaso essa seria euzinha mesmo.- Ela disse abanando a cauda freneticamente.- Eu, Fnousy da Silva Sauro.- Ela soltou uma risada. – Brincadeira, mas sou eu mesmo.
-Woe, que honra conhecer a líder já de primeira- Eu falei fazendo uma pequena reverencia.
-Não precisa de tudo isso bobinha, eu sou só eu. Mas, vamos já nos ajudar, nunca, por favor, nunca me deixe ficar irritada, por favor.
-Por que ?- Eu disse virando a cabeça um pouco.
-Vamos dizer que eu não sou a mesma Spryk de agora.
-Ahn, ok então.- Eu disse dando um passo para trás. A Fnousy se levantou e andou em minha direção, mas desviou o caminho e parou atrás de mim olhando para a floresta atrás de nós.
-Saiam logo daí seus bestas. Parem de querer assustar a nossa nova irmã. Eu posso ouvir vocês pensando sobre como pular em cima dela daqui.- Ela gritou para algo que estava atrás de nós e eu ouvi alguma coisa se mexendo na floresta atrás de mim. Me virei para ver o que era e de repente 4 vultos pularam de dentro da floresta o que fez eu me abaixar. Um caiu dentro do lago jogando água para todos os lados, os outros passaram por cima de mim e caíram atrás de mim.
Me virei para ver o que era, mesmo já sabendo. O que eu me deparei era algo que eu nunca imaginei na vida. Eles eram um pouco menores que a Fnousy, tirando um que era gigantesco. Eu olhei para a Fnousy a procura de ajuda, mas ela estava sentada um pouco mais distante só observando e me fez um sinal para prosseguir. Quando me voltei para eles, eles estavam me encarando, parecia que me estudavam. O mais perto de mim era muito bonito, tinha o pelo negro que brilhava a luz do sol e marcas circulares púrpura pelo corpo todo, tinha o corpo esbelto mas era peludo, e parecia totalmente um lobo selvagem tirando a cauda, que era incrivelmente longa e, igual ao resto do corpo, era peluda. Era algo que se não fosse tão grande e assustador daria vontade de agarrar. Escutei a Fnousy soltar uma risada atrás de mim. Ah, então ela estava escutando. Bela amiga você, eu pensei. Bom, o segundo era praticamente do mesmo tamanho que o primeiro, a diferença estava na cauda, visivelmente mais curta, mas ainda longa, e no corpo não tão felpudo. Esse tinha o pelo cinza com apenas uma marca vermelha, percebi ser uma cicatriz, em um dos olhos e parecia o mais selvagem de todos, não consegui pensar em nenhum animal que se comparasse a esse. O terceiro era o maior de todos, era marrom e ao que parecia totalmente musculoso e bruto, esse dava mais medo que os outros. Ele sorria para mim mostrando os dentes pontudos, não tanto longos ou pontudos quanto os da Fnousy, mas ainda sim davam medo e parecia uma versão cheia de músculos da Fnousy. De repente o que tinha caído na água saiu e começou a se sacudir cortando o silencio que estava no lugar.
-Ah Lok !- Gritou o ser de pelo negro enquanto pulava para tras tentando se esquivar da água jogada pelo que se sacudia todo.
-Porra Lok ! Não se sacode no meio de todo mundo.- O brutamontes falou. O único que não disse nada foi o cinza que só se virou e foi para perto da Fnousy, que só fez um sinal de cabeça, e se sentou do lado dela me encarando. Eu desviei meu olhar do cinza e olhei para o que tinha acabado de sair da água. Ele era o mais lindo de todos. Ele tinha o pelo dourado, parecido com o meu, mas um tom mais escuro, e não tinha nenhuma marca no corpo. Ele se parecia, comigo, bom com a fera na noite passada.
- Bom, terminada as olhadas vou começar com as apresentações.- A Fnousy disse andando em nossa direção, seguida pelo cinza, e andou até o meio de todos, empurrando o ser que se parecia comigo para o lado.
-Eu, como todos já sabem, sou a Fnousy.- Ela disse colocando a pata no peito.- Esses são, Shad e Flyx, Trenx e o que molhou todo mundo é, como já deu pra perceber, o Lok.- Ela disse apontando para o ser cinza, negro, marrom e colocando a pata no dourado ao lado dela.- Gente, conheçam a nossa nova irmã.
Todos olharam para mim. O marrom, Trenx, veio pra cima de mim e me deu algo parecido com um abraço.
-Bem vinda irmãzinha !-Ele me soltou e deu uma lambida no meu rosto. Eca, fiquei toda babada.
-Olá,- O negro, Flyx, disse pra mim não muito calorosamente- Bem vinda ao bando.
Os únicos que não falaram comigo foram o dourado, Lok, e o cinza, Shad. Fiquei olhando pra Fnousy procurando algo e ela só deu de ombros.
-Bom, obviamente como todos sabem a nossa nova irmã não é um membro oficial dos Cilinerons, e todos sabem como é o ritual de entrada.- Ela disse isso e o Trenx respondeu com entusiasmo.
- LUTA !- Ele disse abanando a cauda curta.
-Isso mesmo trenx,- A Fnousy disse rindo dele.- Mas dessa vez será diferente.
-DEIXA EU ! DEIXA EU !- O Trenx dava pulinhos e tinha uma pata levantada. Ele era só aparência mesmo, era uma criança que cresceu demais.
-Desculpa Trenx, mas dessa vez não vai ser assim. Eu vou lutar contra ela.
No que a Fnousy disse isso todos olharam para ela com cara de espanto, até o cinza, o Shad, que estava imóvel o tempo todo, se levantou e olhou para ela.
-Você ficou louca ?!- A Flyx perguntou.
-Agora você pirou de vez- O Lok, que também estava muito quieto, disse virando para ela.- Você não pode fazer isso!
-Gente, calma,calma. Eu só quero ver do que ela é capaz, só isso.
Eu estava meio em choque. Como assim, eu tinha que lutar pra entrar pro bando? Como assim eu tinha que lutar com a líder ?!
-Ei, relaxa, eu não vou te matar não menina, calma. Nem é uma luta pra valer, é só pra te ensinar as coisas e pra ver o que você aguenta.
-É, claro.- A Flyx revirou os olhos e se sentou no chão.
-Flyx, silencio.- A Fnousy falou com uma voz diferente do normal, mais grossa, e eu vi que a Flyx arregalou os olhos e não disse uma palavra.Na verdade, mas ninguém disse nada.
-Então? Pronta ?- A Fnousy me perguntou e começou a andar em volta de mim lentamente com a cauda ricocheteando.
-O que ? Pra que ?- Eu disse olhando em volta.- Isso é sério ?- Eu falei procurando alguma ajuda mas ninguém dizia nada.
-Claro, preciso saber o que você aguenta. - Ela disse para mim.
-Mas eu nem sei me transformar !- Eu falei levantando a voz.
-Ah, você aprende. Você aprende rapidinho.- Ela disse passando a língua nos lábios e eu percebi que era igual a de uma cobra.
-Você realmente está falando sério ? Você é louca ??- Eu disse gritando.
-Não me chame de louca. Eu estou te avisando.- Ela disse e eu percebi que ela deu um tique nervoso com o pescoço. -Desculpa, mas eu não vejo nenhuma outra definição ou outro jeito de te chamar agora. Eu mal conheço qualquer coisa sobre isso tudo e você já quer que eu lute ? Que eu me “Transforme” ? Você é louca. -Pare,- Ela disse e eu vi seus olhos azuis estavam perdendo um pouco da cor e pareciam mais fundos.- Eu te avisei pra parar com isso.
Dizendo isso ela pulou em cima de mim e tentou me morder, mas eu fui mais rápida, provavelmente adrenalina por que eu nunca conseguiria fazer isso, e me abaixei e aproveitei o pulo dela para correr para o outro lado. O que ela esperava que eu fizesse ? Que eu fosse Pra cima dela ? Pra morte certa ? Não obrigada. Ela estava me tirando do sério. Ela se voltou para mim e eu vi que seus olhos não tinham mais pupila nenhuma e estavam com olheiras. Seus dentes pontiagudos agora não estavam mais escondido dentro de sua boca e sim totalmente a mostra em um sorriso macabro. Parecia que a boca dela tinha sido rasgada, os cantos da boca estavam muito mais longos e realmente parecia, não eles tinham rasgado pra poder os dentes caberem. Sua língua agora pendia para fora e pingava algo roxo que eu suspeitava que não fosse saliva. Ela soltou um rosnado baixo, mas que pareceu entrar dentro de mim. Esse rosnado fez meu sangue ferver. Eu comecei a esquentar enquanto ela rosnava para mim.Olhei em volta para todos ao nosso redor e todos olhavam dela para mim com cara de espanto. Eu senti uma queimação começar em mim, a mesma da noite anterior, mas agora ela não doía como ontem a noite. Doer ainda doía, mas agora essa dor era prazerosa. Eu sabia o que estava para acontecer. Eu simplesmente sorri para ela abri meus braços e deixei a queimação me tomar. Senti meus ossos dos braços se quebrando e minha pele rasgando, e de repente o peso voltou, o da noite anterior. Eu mostrei as garras e olhei para a Fnousy.
-Você quer lutar ?- Eu disse raspando as garras da mão direita em uma pedra- Então vamos lutar menina.
Ela soriu para mim e avançou. Eu avancei também encontrando com ela na metade do caminho. Eu era do tamanho dela mas não tinha a experiência ou os dentes, eu só tinha meus instintos. Eu tentava enfiar minhas garras nela mais ela facilmente desviava todas as minhas investidas. Ela não parecia estar tentando fazer nada. Isso me irritava mais, pois agora eu queria uma luta, eu sentia sede por isso, não era algo que eu controlasse, era quase como se meu corpo se movimentasse só.
- Lute direito!- Eu gritei- Lute pra valer!- Eu gritei no ouvido dela e arranhei o pescoço dela.
-Acalme-se irmã. Isso não é uma luta de verdade.- Ela disse com uma voz totalmente diferente. Não poderia ser a mesma de segundos atrás. Era algo bizarro. Ela me empurrou para trás e eu vi suas feições mudando. Ela voltou a ser o ser lindo de olhos azuis. Ela olhou para mim e soriu.
-Muito bem, agora você é uma dos cilinerons. Bem vinda. Gente, venham dar as boas vindas a nossa nova irmã !- Falando isso eu percebi que todos relaxaram. Ela olhou para mim com os olhos azuis que emitiram aquelas chamas e eu perdi toda a vontade de lutar contra ela.
Todos vieram até mim e desejaram boa vindas, menos o Lok, ele ficou me olhando de longe. Ele estava começando a me dar arrepios com aqueles olhares.
-Ahn, Fnousy- Eu chamei- Você disse que éramos sete. Esta faltando alguém, não ?
-Ah, não. Nós éramos sete, até- ela hesitou um pouco e eu percebi o que ela ia dizer antes de ela terminar a frase.-ontem.
Dizendo isso todos abaixaram a cabeça menos eu. Era incrível como eu tinha me esquecido. O Josh era um de nós.Engraçado como eu já me sentia parte deles. Eu estava chocada com a facilidade que eu me esquecia do que aconteceu ontem. Tinha sido ontem e eu já tinha me esquecido disso mais de uma vez. Quando eu estava com eles, ele não parecia morto. Ele parecia estar conosco. Era bom. Mesmo agora eu sentia que ele não tinha morrido. Não tinha idéia de onde vinha esse sentimento.
- Bom, agora que você é parte de nós é hora de escolher seu novo nome.- A Fnousy disse se sentando a minha frente